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sexta-feira, março 2

As GRANDES DUNAS de Pinhal





Tenho lembranças muito gostosas dos veraneios passados na praia do Pinhal durante as décadas de 60 e 70.
Meu avô costumava alugar uma casa grande e ficávamos um mês inteirinho lá, a família toda reunida.
Era tudo muito simples e, exatamente por isso, maravilhoso!
Foram tantos os verões em Pinhal que eu já tinha a turma de amigos exclusiva das férias. Morando em cidades diferentes, não podíamos nos encontrar durante o ano. Assim, a saudade ficava enorme!
Além do vôlei e do frescobol na beira da praia, outro programa legal era brincar nas dunas de areia que existiam naquela época.
Aos meus olhos de criança, elas eram gigantescas, e formavam um deserto tão extenso que não se enxergava o fim.
A brincadeira era subir até o ponto mais alto da duna e depois se jogar, descer rolando até a base tal como croquetes passados na farinha de rosca.
E ainda que os olhos e a boca ficassem cheios de areia, as gargalhadas estavam garantidas.
Puxa vida, que saudades!!!
Mas o tempo passou... e as "grandes dunas" de Pinhal simplesmente "desapareceram".
Diz o povo de lá que sucessivos administradores públicos, no intuito de impedir que as areias invadissem e soterrassem as casas mais próximas -- e elas realmente avançavam sobre as construções que tinham, por primeiro, invadido o território delas -- foram autorizando sua retirada, ano após ano, até que sobrou muito pouco do que um dia foi uma verdadeira "maravilha da natureza".
Chamadas de "dunas móveis", elas voavam ao sabor dos ventos, de um lado para o outro, desconsiderando totalmente aquelas cercas de contenção feitas de junco e palha.
Agora, frágeis que estão, e correndo o risco de desaparecerem totalmente, nem o vento tem coragem de movê-las.
Eu já passei dos 50.
As "grandes dunas" de Pinhal se foram para sempre.
Mas as "minhas lembranças" permaneceram.
E se num dia o vento forte as empurra para longe, no outro as traz de volta... e, então, elas me invadem e soterram a minha alma... com a mais pura alegria.

         Da série "Passei dos 50", por Deborah Johansen.