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quinta-feira, março 29

BIBI FERREIRA



Na semana passada assisti ao "Programa do Jô" inteiramente dedicado à Bibi Ferreira. Às vésperas de completar 90 anos, ela está com saúde, lúcida e produtiva. Dona de uma voz incrível, prepara um novo espetáculo e, em breve, estará de volta aos palcos e em turnê pelo país.
Uma mulher simpática, simples e sorridente, que se define uma pessoa "muito alegre".
Até aquela noite, eu praticamente não conhecia Bibi Ferreira.
Sabia, apenas, que cantou "Piaf" no teatro durante muito tempo, e que é filha de Procópio Ferreira, de quem também não sei muito mais além do nome.
Agora sei que essa grande cantora, diretora e atriz é uma mulher religiosa, que dorme tarde e que gosta muito de ler e de assistir aos filmes e seriados da TV. Não consome bebida alcóolica porque não gosta. Não fuma. É baixinha. Mede apenas 1,54m de altura. Chateia-se quando engorda e não entra em suas roupas, e é preguiçosa quando se trata de fazer exercícios. É muito amiga de Juca de Oliveira e do próprio Jô Soares, por quem declarou um carinho todo especial. Sua carreira de sucesso estendeu-se à Europa, tendo permanecido em Portugal por 5 anos consecutivos.
O jovem maestro que acompanha Bibi em seu trabalho disse no programa que ela é uma das poucas cantoras brasileiras que "lê pauta", que entende de partitura, uma verdadeira "musicista".
Ela se diz tímida, e confessa seu medo de entrar no palco mesmo depois de ter passado a vida inteira nele. Aliás, sua estreia no teatro aconteceu quando ela ainda era um bebê, ao substituir uma boneca que desaparecera pouco antes do início de uma peça chamada "Manhãs de Sol". Fez questão de registrar que continua cantando não por mero prazer, mas porque vive disso, porque este é o seu trabalho, seu sustento, seu "ganha-pão".
Bibi estava vestida de maneira clássica, com um "taier" preto, blusa branca, meias e sapatos pretos. Usava um colar de pérolas enrolado no pulso direito e dois grandes anéis na mão esquerda. Baton bem vermelho na boca, e óculos escuros "a la Constanza Pascolato". O cabelo pintado de vermelho - quase ruivo - confere um ar de modernidade ao seu visual.
Uma nonagenária cheia de estilo!
Nada foi dito sobre sua vida amorosa. O Jô - creio que por delicadeza - não fez qualquer comentário a respeito. Fui pesquisar na Internet e descobri que ela teve seis casamentos mas somente um grande amor, Carlos Lage, seu primeiro marido.
Ao final do programa, ela encantou o público com um "potpourri" dos grandes sucessos de Edith Piaf.
Absolutamemte m-a-r-a-v-i-l-h-o-s-a!
Agora que sei um pouco mais sobre Bibi Ferreira, passei a admirá-la e, sob alguns aspectos, identifiquei-me com ela.
Mas quando eu tinha 20 anos, e Bibi quase 60, considerava-a uma cantora de "outra geração".
O interessante é que agora nossa diferença de idade simplesmente desaparece, e me percebo gostando das músicas cantadas por ela como se fossem "do meu tempo".
Bibi Ferreira, essa grande dama do teatro brasileiro, completará 90 anos dia 01 de junho de 2012.
Eu, que já passei dos 50, fui para a cama naquela noite sonhando em chegar aos 90 assim como ela: lúcida, bem-humorada e produtiva.
Seria pedir muito?



Da série "Passei dos 50", por Deborah Johansen.