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segunda-feira, dezembro 26

Eu ando muito de táxi.

 

Eu ando muito de táxi. Não que seja barato, mas é rápido, prático, e até divertido. Ouço cada história cabeluda desses taxistas...
E qualquer trajeto, por mais curto que seja, é uma oportunidade para trocar ideias com esses homens que sabem de tudo um pouco.
Faça você mesmo o teste: lance qualquer assunto, e eles já saem falando...Há uns 10 anos - mais ou menos - tomei um táxi de casa para o trabalho.
O motorista era um senhor baixo, gordinho, “meio careca” (ainda lhe restavam alguns tocos curtos de cabelo, a maioria grisalhos), e com um sorriso que, longe de ser perfeito - esteticamente falando - era bonito.
Durante a corrida, ele veio me contando mil coisas da sua vida. Falou da “patroa”, dos filhos e netos – a quem ele dava “tudo o que podia” - dos bens materiais que conquistou, “inclusive uma casinha na praia”, e de muitas outras coisas.
Sua fala era animada e rápida, e volta e meia intercalava um sorriso largo, simpático.
Lá pelas tantas da conversa, ele me diz o seguinte:
“- Sabe, dona, eu já estou com 65 anos. Só que, falando bem a verdade, não consigo me sentir com essa idade. Prá mim, ‘na minha cabeça e no meu coração’, é como se eu ainda tivesse uns 18, 20 anos. A senhora me entende?”
Lembro bem que respondi com um daqueles “Hahãããs” que a gente solta, de vez em quando, sem muito compromisso com a sinceridade.
Aquilo me soou meio exagerado... mas ... tudo bem, aceitei como uma licença poética de que fez uso aquele homem para expressar seus sentimentos.
O legal dessa história é que hoje, que já passei dos 50, eu sinto exatamente o mesmo que aquele taxista.
Por isso, gostaria muito de reencontrá-lo, passados esses 10 anos, para poder dizer a ele:
“- Sabe que eu concordo plenamente com o senhor?”

Da série “Passei dos 50”, por Deborah Johansen