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domingo, janeiro 22

A Demência e o Amor



Assisti mais de uma vez, no Youtube, o vídeo "Deleuze e o Amor".
Nele, o renomado filósofo francês Gilles Deleuze, falecido em 04-11-95, aos 70 anos, diz o seguinte:
"E todos nós somos meio dementes. O verdadeiro charme das pessoas reside em quando elas perdem as estribeiras, quando não sabem muito bem em que ponto estão.... Mas se não captar a pequena marca de loucura de alguém não pode gostar deste alguém... É exatamente este lado que interessa. ... aliás, fico feliz em constatar que o ponto de demência de alguém seja a fonte do seu charme...".
As palavras do filósofo ficaram martelando na minha cabeça durante alguns dias.
E cheguei à conclusão de que ele está absolutamente certo.
As pessoas "meio malucas" são bem interessantes...eu diria, até, apaixonantes!
Puxa vida!
E eu na contramão da história, fazendo um baita esforço, a maior parte do tempo, para parecer o mais normal possível.
Gastei tanta energia nisso.
Que desperdício!
Ainda bem que a partir dos 45 eu fui me cansando.
E desde então, em doses homeopáticas, fui dando uma "surtada" aqui, outra acolá...
Também "perdi as estribeiras", "dei uma de louca", "saí da casinha", "pirei na batatinha", "viajei na maionese", "tive um treco", "pirei de vez", "endoideci" ...
Será que agora as pessoas vão, finalmente, descobrir o meu "verdadeiro charme"?
Tomara que o filósofo esteja certo!
Como já passei dos 50, e estou soltando todos os meus bichos, vou esperar ansiosamente pelos resultados.
Quero mais é que as pessoas identifiquem em mim a tal "marca de loucura" ... e gostem de mim.
Da mesma forma, vou procurar nelas o "ponto de demência" de que fala Deleuze.
...
 - Ei, você aí!
Chegue aqui, mais perto.
Aproxime-se mais um pouquinho.
Quero dar uma boa olhada em você.
Pois como disse Caetano Veloso em "Vaca Profana",

"De perto, ninguém é normal!"

Da série "Passei dos 50", por Deborah Johansen