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domingo, janeiro 15

"21 pandorgas"



Outro dia, caminhando pelo calçadão de Capão da Canoa, vi uma cena que, pelo menos pra mim, era inédita.
E olha que eu já passei dos 50!!!
Nas areias da praia, próximo ao mar, caminhava um homem que empinava 21 pandorgas!
Gente, eu tive que contar!
Não era "meia dúzia", nem "dúzia e meia".
Eram quase duas dúzias de pandorgas de cores e formas diversas que, ligadas a um mesmo fio de nylon, bailavam assanhadas ao vento forte, sob o comando habilidoso daquele vendedor.
A " pandorga guia", que voava soberana no ponto mais alto do "bando", tinha a forma de um morcego. Como aquela projeção de luz que o Batman fazia nos céus de Gotham City, lembra?
Olhando de longe, ficava difícil definir se era o homem que empinava as pandorgas... ou se eram elas que o conduziam por entre os banhistas.
Limitei-me a admirar aquela imagem de longe.
A coisa era tão mágica, que tive medo de me aproximar.
Vai que as pandorgas desabem se eu chegar mais perto!
Quando eu era menina, queria muito uma pandorga. Mas achava que a brincadeira era exclusividade dos meninos. Só realizei meu desejo quando meu filho estava com uns 7 ou 8 anos, e comprei uma pandorga pra ele, digo, pra mim.
As pandorgas, ou "pipas" - - gosto mais da primeira forma, porque "pipa" lembra "barril", que lembra "gordinha", e esse é um assunto "de peso", que eu prefiro não comentar - - eram feitas, antigamente, de papel de seda, ou papel manteiga, e, via de regra, tinham a forma de losango.
Elas eram tão frágeis!
Hoje, podem ser de plástico, seda, nylon... e ter a forma que você quiser. Inclusive, de morcego!
A linha que ligava as pandorgas entre si, e todas elas ao seu hábil condutor, me fez lembrar do "fio prateado" referido por Shirley MacLaine no livro "Dançando na Luz", que li há uns 20 anos, mais ou menos. Seria o fio que liga a alma à matéria, e que todos nós possuímos ... enquanto vivos.
A sinopse do livro num site de vendas é a seguinte:
"Trajetória espiritual de um ser humano que aos cinquenta anos faz um balanço de sua existência como mulher, atriz, mãe, filha, e descobre que suas crenças, opções e conflitos são frutos de sua jornada de crescimento que se iniciou aos quarenta anos.".
Puxa vida! Quero ler esse livro de novo!
A visão daquele homem e suas pandorgas fez meu pensamento "voar", também, para o filme "21 gramas": "Três pessoas, Paul (Sean Penn), Jack (Benicio Del Toro) e Cristina (Naomi Watts), têm seus destinos cruzados em função de um acidente.... Vinte e um gramas é o peso que uma pessoa perde no momento da morte...".
Será que a alma daquele homem que caminhava na praia tem o peso de "21 pandorgas"?
Para finalizar, quero acrescentar o seguinte:
pesquisando sobre "pandorgas" na Internet li que, ainda hoje, no Oriente, elas são usadas com caráter religioso, servindo para espantar os "maus espíritos".
Se isso for verdade, o "Homem das 21 Pandorgas" deve estar bem protegido.
Que assim seja!
Da série "Passei dos 50", por Deborah Johansen