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segunda-feira, janeiro 16

Notívaga






 Quando aprendi o significado da palavra "notívaga", logo me identifiquei:
" - Essa sou eu!"
Notívago é alguém que tem seu pico de energia à noite, ao contrário da maioria das pessoas que têm nela seu período de descanso, inclusive com alterações no metabolismo, como redução dos batimentos cardíacos, diminuição da temperatura corporal, dentre outros.
Em Biologia, é a definição do comportamento observado em alguns animais que dormem de dia e tornam-se ativos à noite, como morcegos, anfíbios, felinos, e outros.
Tenho pra mim que não me "tornei" uma notívaga.
Eu já nasci assim!
E como passei dos 50, dificilmente vou mudar.
Desde muito pequena gostava de ficar acordada até tarde, especialmente para assistir "Além da Imaginação", seriado da TV americana que contava histórias sobrenaturais envolvendo viagens no tempo, mundos paralelos, alienígenas, fantasmas, vampiros, etc.
Eu acho bem legal acordar de madrugada, ver o sol nascer, ouvir os pássaros, tomar chimarrão, e tudo o mais.
Mas eu não consigo fazer isso!
Houve períodos da minha vida em que precisei acordar bem cedo.
Quando eu tinha 15 anos, por exemplo, mudamos para Lajeado, e fui trabalhar na empresa da família.
Todos os dias, meu tio passava na esquina de casa exatamente às 7:20h da manhã, para me dar uma carona.
Certa vez, quando fui esperá-lo no local combinado, achei tudo muito diferente.
As pessoas que transitavam pela rua não eram as mesmas de sempre.
E a cidade estava tão silenciosa...
Seria feriado municipal, e eu não sabia?
Teria morrido o Prefeito, ou o Presidente da República?
É que naquela época as notícias não chegavam tão rápido como hoje.
Sem relógio, e preocupada com o "atraso" do meu tio, resolvi perguntar as horas a um homem que passava.
Eram 6:30h da manhã!
Meu despertador estava 1 hora adiantado!
Durante a faculdade, a madrugada servia para estudar. E, também, para namorar. Como trabalhava o dia todo, e cursava a faculdade à noite, só restava aquele tempo para viver algumas emoções.
No nascimento dos filhos, não temi as tão propagadas "noites sem dormir". Eu as tiraria de letra! E nem foi o caso, porque os meus guris nunca me "deram um baile".
Quando trabalhava - e precisava acordar cedo - lá pelas tantas eu me "obrigava" a ir pra cama, ou não levantaria pela manhã "nem com banda"!
Veio a menopausa, e com ela a insônia, que faz parte do pacote. A coisa complicou ainda mais. A hora de deitar passou das 2h para às 3h, 4h da madrugada, e às 7h, mais tardar às 8h, tinha que estar em pé novamente.
Depois, a aposentadoria. E então a "vaca foi pro brejo, com corda e tudo"!
Mas agora, com o senso do dever cumprido - já estudei, já criei os filhos, já me aposentei - passo as madrugadas na Internet, ou lendo, escrevendo, assistindo filmes. Aliás, hoje em dia está uma maravilha, pois os canais de TV nunca saem do ar!
O marido aceita esse meu jeito de ser. Mas, como não integra o time dos insones, vamos vivendo como naquele filme "O Feitiço de Áquila", uma fantasia que se passa na Europa medieval.
Nela, dois jovens amantes estão condenados à separação ao longo da vida por uma terrível maldição: durante o dia, Isabeau d'Anjou se transforma num falcão, e à noite, é o Capitão Etienne de Navarre que vira um lobo negro.
E a cada final noite, mas ainda antes do alvorecer, eles têm alguns instantes na forma humana para, só então, viverem intensamente seu grande amor.
Assim, os personagens vão vivendo até que um eclipse solar em Áquila vai criar "um dia sem noite e uma noite sem dia", e a maldição será quebrada para sempre!
Espero ansiosa por esse eclipse.
Enquanto isso, sigo dizendo:
"Bom dia a todos! Que eu agora vou dormir!
 
Da série "Passei dos 50", por Deborah Johansen.